terça-feira, 23 de dezembro de 2014

LIVRO DE POESIAS DEDICADOS A SÃO CRISTÓVÃO SERÁ LANÇADO NO MUSEU


Capa do livro. Foto: divulgação

Na próxima sexta, (22/12), às 17 horas, o Museu Histórico de Sergipe será o palco do lançamento do livro São Cristóvão, nas letras das poesias de minha infância, uma coletânea de alunos do 5. Ano (poetinhas!) do Escola do Lar Imaculada Conceição (ELIC). A escolha da instituição é mais que simbólica, desde abril de 2011, o diretor do Museu, Thiago Fragata, incentiva a prática das rodas de leituras junto as redes particular e pública de ensino. 

Nos últimos 4 anos foram realizados 24 eventos de "literação" (rodas, saraus, intervenção), ou seja, uma média de 6 por ano. O Museu Histórico de Sergipe realizou 5 rodas de leituras temáticas em 2014. As ações educativas envolve contadores convidados e alunos das escolas da região, inclusive de Aracaju. O museu deve consolidar seu compromisso com a Educação através do seu acervo e de suas ações junto a comunidade, pois ensinar/aprender é um processo que está presente na visita a instituição. Mas porque fazer do museu um lugar de estimulo a leitura e literatura? Em 2012 a cidade de São Cristóvão teve o pior IDEB (Índice de Desenvolvimento de Educação Básica) dos 75 municípios de Sergipe. 

Os poetinhas que irão autografar seu livro 
Os poetinhas que irão autografar São Cristóvão, nas letras das poesias de minha infância na próxima sexta, 26/12, participaram da Roda de Leitura "Sabores de São Cristóvão, em março deste ano, junto com a Professora Cleide Oliveira. (click)

Para o Museu Histórico de Sergipe que recebeu estes poetinhas no dia 28 de março, na Roda de Leitura "Sabores de São Cristovão", que acreditou no compromisso da Professora Cleide Oliveira, de todos que fazem o ELIC, a boa nova é fruto de uma árvore que ajudou a semear.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Comissão para a gestão da Praça São Francisco será instalada em São Cristóvão (SE)

Convento São Francisco, São Cristóvão/SE. Foto: Adilson Andrade, 2014

No próximo dia 16 de dezembro, às 10 horas, na Casa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em São Cristóvão, será instalada a Comissão Gestora da Praça São Francisco, composta por representantes do IPHAN, do Estado de Sergipe, do Município de São Cristóvão e da sociedade civil.

O diretor do Museu Histórico de Sergipe, Thiago Fragata,  foi convidado para  integrar a importante comissão. Ele foi Coordenador da Comissão Pró-candidatura da Praça São Francisco a Patrimônio da Humanidade e recebeu em 2011 a ordem do Mérito Aperipê pelos relevantes serviços prestados a esta causa. Seu trabalho mais recente relacionado ao tema foi o CD-Rom "Cronos on line: catálogo digital da Campanha da Praça São Francisco a Patrimônio da Humanidade (2005/2010)", lançado no último dia 5 de dezembro na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.   

A criação atende às recomendações do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO para o estabelecimento de um sistema de gestão do sítio, tendo como base a legislação vigente e a regulação territorial da cidade. A Praça São Francisco foi inscrita na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO na reunião de Brasília, em 01 de agosto de 2010, e representa a fusão de padrões urbanísticos do período da União das Coroas portuguesa e espanhola, mantendo íntegro um ambiente em que, além da arquitetura significativa, se praticam manifestações culturais tradicionais como a Procissão de Passos.

No último dia 13 de novembro, foi assinado Termo de Cooperação Técnica entre o IPHAN, o Estado de Sergipe e o Município de São Cristóvão que visa o gerenciamento compartilhado do sítio, no espírito que preside a construção do Sistema Nacional de Patrimônio Cultural, que busca estabelecer diálogo e articulação entre as três esferas de governo para a gestão do Patrimônio Cultural no país.

Caberá à Comissão elaborar, aprovar, implementar e avaliar o Plano de Gestão da Praça São Francisco; fomentar a ação compartilhada entre os três entes públicos e a sociedade civil, para a implantação desse Plano de Gestão; assegurar e fomentar a participação comunitária no processo de gestão da Praça São Francisco e do seu entorno imediato; estabelecer e implementar um sistema de monitoramento, de longo prazo, para a conservação do sítio; dar apoio às ações que visem identificar, proteger e conservar os bens que compõem a Praça São Francisco e seu entorno imediato; promover uma maior coordenação das ações públicas e privadas que venham a ocorrer no sítio, contribuindo para a sua preservação e valorização.

A instalação contará com a presença de autoridades locais, dos membros titulares e suplentes da Comissão Gestora da Praça São Francisco, além de representantes da Assessoria de Relações Internacionais do IPHAN, bem como do IPHAN em Goiás, que participarão também da primeira reunião desta comissão. No mesmo dia, ainda será realizado o Seminário Desafios para a gestão de um bem do Patrimônio Mundial após o seu reconhecimento, que acontecerá na Casa do IPHAN em São Cristóvão das 14h às 17h e é aberto ao público. 

SABER MAIS:



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

PROGRAMAÇÃO V CÍRCULO DOS OGÃS "MULHERES NEGRAS"

Cartaz. Autoria: Flávia Santana
O Círculo dos Ogãs é um evento realizado na cidade de São Cristóvão pela Sociedade para O Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (SAHUDE) na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra em todo país, 20 de Novembro, data em que morreu Zumbi dos Palmares. O evento ocorre há cinco anos com a parceria do Museu Histórico de Sergipe, unidade da Secretaria de Estado da Cultura (MHS/Secult).
Esse ano, em sua quinta edição o Círculo dos Ogãs tem como tema de suas rodas as Mulheres Negras, é através dessa voz que mobilizaremos para os debates e conversas, jovens estudantes, professores, trabalhadores e principalmente as mulheres da cidade de São Cristóvão.
O evento já se tornou data cativa na comunidade, principalmente pelas instituições educacionais e culturais da cidade que celebram todo ano a mais expressiva data de luta em reconhecimento dos direitos do povo afrobrasileiro. Por seu significado o Círculo dos Ogãs foi em 2013 contemplado com o Prêmio Abdias Nascimento, conferido pela Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe. O evento tem o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/SE), Secretaria de Estado da Cultura, Unegro e Universidade Federal de Sergipe (UFS).

PROGRAMAÇÃO

V CÍRCULO DOS OGÃS: Mulheres Negras (18 a 21/11/2014)


Dia 18/NOV
Local: Museu Histórico de Sergipe|São Cristóvão

19Hs MESA REDONDA "MULHERES NEGRAS NA SOCIEDADE ATUAL"

A Mulher Negra na sociedade brasileira: Quais os desafios?
Laila Thaíse Batista de Oliveira - Jornalista formada pela Universidade Tiradentes(UNIT), mestranda em Comunicação e Sociedade pela Universidade Federal de Sergipe. 


A Mulher Negra e a Conquista dos Espaços de Poder
Íris Fabiana - Formada em Turismo pela Faculdade de Sergipe, Graduanda em Letras/Espanhol na faculdade Pio X, Militante Política e Assessora de comunicação na Secretaria Especial de Politicas para as Mulheres de Sergipe (SEPM).

20Hs Abertura da Exposição Temporária “Mulheres Negras"

Dia 19/NOV
Local: Casa do IPHAN|São Cristóvão

14h MOSTRA DE VÍDEOS - Exibição de Curtas
“O corpo é meu” Fernanda Almeida (produtora)
Vencedores do Curta-História (MEC) 2014
Coordenação: Everlane Morais

Dia 20/NOV
Local: Praça São Francisco|São Cristóvão

15h Intervenção cultural: Dança Poesia e Percussão
- Espetáculo de Dança "Mandala" - Coreógrafo Ezequias Carvalho- Intervenção poética "Microfone aberto contra o preconceito"
- Apresentação do Grupo de Capoeira "A hora é essa!", com os professores Rato Branco, Encabulado e Bahia.
- Show com MC MI e Convidados
- Apresentação do Grupo Ilê Axê - Mais Cultura "Gina Franco"

Dia 21/NOV
Local: Auditório da ADUFS – UFS

19h MESA REDONDA - “Mulheres de Axé: O arquétipo da Grande Mãe e a liderança feminina nos terreiros de Candomblé”
Martha Sales e Fernanda Cohim

OBS: Evento com direito a CERTIFICADO de 8 horas, presença 70% do evento.


Mais informações:
Marcia Arévalo (79) 8852-1838 – Presidente da SAHUDE

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

SARAU DULCÍSSIMA FLOR

Irmã Dulce
Acontece nesta sexta (7/11) a partir das 15:00 nas dependência do Convento do Carmo, centro histórico de São Cristóvão o Sarau Dulcíssima Flor. Organizadores prometem poesias, mensagens e relatos da presença da beata Irmã Dulce naquele templo. Maria Rita foi batizada Irmã Dulce neste convento depois do noviciado realizado em 1933. 

Poetas João Lover, Frei Romulo e Thiago Fragata convidam para compartilhar desse momento, concentração no Memorial Irmã Dulce, a partir das 15:00 horas. Evento tem o apoio de Rildo Siqueira (PASCOM), dos Carmelitas e do Museu Histórico de Sergipe. 

Detalhe do Memorial Irmã Dulce

Convento do Carmo

terça-feira, 4 de novembro de 2014

RODA DE LEITURA HOMENAGEIA MULHERES NEGRAS

Jogral dos alunos do Colégio Graccho Cardoso.

Na tarde da última quinta (30/10) foi realizada a Roda de Leitura "Mulheres Negras", no auditório do Museu Histórico Sergipe. A ação educativa foi coordenada pelo historiador e poeta Thiago Fragata, diretor do Museu, que apresentou os contadores-parceiros Lola Arévalo Bernardes, Frei Romulo, João Lover, Deise Santos Nascimento e Denize Santiago da Silva, e os respectivos autores selecionados e suas obras. A seleta apreciada pelos presentes, maioria formada por alunos do Colégio Graccho Cardoso, foi assim formada: de Castro Alves, "A mãe do cativo"; de Conceição Evaristo, "Vozes-mulheres"; de Aglacy Mary, "Peles"; de Alzira Rufino, "Resgate"; e "Farpas aos contra cotas", do poeta coordenador. O tema desta ação-educativa foi inspirada no V Círculo dos Ogãs, evento que será realizada pela Ong Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (Ong Sahude) entre os dias 18 e 21 de novembro próximo, semana da Consciência Negra.

O primeiro texto explorado foi “A mãe do cativo”, de Castro Alves, autor dos clássicos “Navio Negreiro” e “Vozes da África”. Alunos do Colégio Graccho Cardoso apresentaram jogral e o poeta Frei Romulo recitou a obra forma dramatizada. Aconteceu uma desconstrução dos versos para facilitar compreensão da poética engajada, abolicionista, social.
Poeta Frei Rômulo recita Castro Alves

A MÃE DO CATIVO


Autor: Castro Alves

Ó mãe do cativo! que alegre balanças
A rede que ataste nos galhos da selva!
Melhor tu farias se à pobre criança
Cavasses a cova por baixo da relva.

Ó mãe do cativo! que fias à noite
As roupas do filho na choça da palha!
Melhor tu farias se ao pobre pequeno
Tecesses o pano da branca mortalha.

Misérrima! E ensinas ao triste menino
Que existem virtudes e crimes no mundo
E ensinas ao filho que seja brioso,
Que evite dos vícios o abismo profundo ...

E louca, sacodes nesta alma, inda em trevas,
O raio da esperança... Cruel ironia!
E ao pássaro mandas voar no infinito,
Enquanto que o prende cadeia sombria! ...

II
Ó Mãe! não despertes a criança que dorme,
Com o verbo sublime do Mártir da Cruz!
O pobre que rola no abismo sem termo
Pra que há de sondá-lo... Que morra sem luz.

Não vês no futuro seu negro fadário,
Ó cega divina que cegas de amor?!
Ensina a teu filho - desonra, misérias,
A vida nos crimes - a morte na dor.

Que seja covarde... que marche encurvado...
Que de homem se torne sombrio réptil.
Nem core de pejo, nem trema de raiva
Se a face lhe cortam com o látego vil.

Arranca-o do leito... seu corpo habitue-se
Ao frio das noites, aos raios do sol.
Na vida - só cabe-lhe a tanga rasgada!
Na morte - só cabe-lhe o roto lençol.

Ensina-o que morda... mas pérfido oculte-se
Bem como a serpente por baixo da chã
Que impávido veja seus pais desonrados,
Que veja sorrindo mancharem-lhe a irmã.

Ensina-lhe as dores de um fero trabalho...
Trabalho que pagam com pútrido pão.
Depois que os amigos açoite no tronco...
Depois que adormeça com o sono e um cão.

Criança - não trema dos transes de um mártir!
Mancebo - não sonhe delírios de amor!
Marido - que a esposa conduza sorrindo
Ao leito devasso do próprio senhor! ...

São estes os cantos que deves na terra
Ao mísero escravo somente ensinar.
Ó Mãe que balanças a rede selvagem
Que ataste nos troncos do vasto pomar.

III
Ó Mãe do cativo, que fias à noite
À luz da candeia na choça de palha!
Embala teu filho com essas cantigas...
Ou tece-lhe o pano da branca mortalha.


Poeta João Lover recita Conceição Evaristo
O poeta João Lover fez a leitura de Vozes-mulheres, de Conceição Evaristo. Aproveitou para fazer considerações sobre “o grito que perpassa as gerações, como eco, o grito da liberdade que constitui a substancia da poesia”.


VOZES-MULHERES

Autora: Conceição Evaristo



A voz de minha bisavó ecoou
Criança
Nos porões do navio
Ecoou lamentos
De uma infância perdida


A voz de minha avó
Ecoou obediência
Aos brancos-donos do mundo.

A voz de minha mãe
Ecoou baixinho revolta
No fundo das cozinhas alheias
Debaixo das trouxas
Roupagens sujas dos brancos
Pelo caminho empoeirado
Rumo a favela.

A minha voz ainda
Ecoa versos perplexos
Com rimas de sangue
E fome

A voz de minha filha
Recolhe todas as nossas vozes
Recolhe em si
As vozes mudas caladas.
Engasgadas nas gargantas.

A voz de minha filha
Recolhe em si
A fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.

Na voz de minha filha
Se fará ouvir a ressonância
E o eco da vida-liberdade.


Deise Nascimento lendo "Peles"
A professora Deise Santos Nascimento recitou a poesia “Peles”, de Aglacy Mary. A vibração do seus alunos e os versos provocaram uma catarse na plateia, uma “com fusão”, conforme diz a bela poesia.

PELES

Autora: Aglacy Mary



Bela confusão
A pele negra escondida
sob a noite que lhe cai
Não sei onde é mais bela
Se à luz contrastante do dia
Ou mesmo ali
Entre o crepúsculo e o amanhecer
Onde a vejo
Banhando-se na minha lua
Do lado de dentro da minha rua
Bela 
Com fusão
Em mim.


Contadora Denize Santiago recita "Resgate"
A diretora do Museu de Arte Sacra, Denize Santiago, fez leitura da poesia “resgate”, de Alzira Rufino. Sem tergiversar, enfatizou na economia dos versos a identidade do povo brasileiro.

RESGATE
Autor: Alzira Rufino 

Sou negra ponto final
devolvo-me a identidade
rasgo minha certidão
sou negra
sem reticências
sem vírgulas sem ausências
sou negra balacobaco
sou negra noite cansaço
sou negra

Ponto final. 




Lola Arévalo recita com dedo em riste


Por fim, Lola Arévalo Bernardes recitou a poesia “Farpas aos contra cotas”, de Thiago Fragata. A menina de 7 anos encantou a todos com a performance.


FARPAS AOS CONTRA COTAS

Autor: Thiago Fragata



É contra as cotas!?
Tenha dó
Não sente o chicote do racismo
açoitando a lei maior...

É contra as cotas!?
Cresceste na sociedade triste, racista, torta
Que segrega pela cor e renda familiar
Quer a Educação para os eleitos
Os poucos que a Sociedade abre portas...

É contra as cotas!?
Porque tem pena das contas
das contas do fim do mês
Tens filhinho na escola paga
E quer o melhor só pra ele, ok?
O fim do teu preconceito está longe, irmão
nem consegue enxergar...


Os poetas Frei Romulo e João Lover, recém-chegados na comunidade sancristovense, mostraram grande satisfação em participar pela primeira vez das rodas de leituras que segundo Thiago Fragata acontecem na cidade desde abril de 2011. 


GALERIA DE IMAGENS 

 
 
 
 
 


 CRÉDITO DAS FOTOS: FLAVIA SANTANA (SAHUDE)

sábado, 25 de outubro de 2014

Ei Globo, não sou tuas nêgas!

Miguel Falabella e atrizes do elenco 

A ong Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (SAHUDE) prepara a programação do V Círculo dos Ogãs: Mulheres Negras, evento a realizar-se entre os dias 18 e 21 de novembro. Laila Oliveira é uma palestrantes convidadas, autora do festejado texto "Ei Globo, não sou tuas negas" reproduzido amplamente nas redes sociais e que o Museu Histórico de Sergipe, na luta por um mundo sem preconceito e parceiro do evento, também reproduz abaixo:


Ei Globo, não sou tuas nêgas!

Por Laila Oliveira

O sentimento de indignação me fez refletir sobre essa constante e secular sexualização que é imputada a nós mulheres negras. Uma imagem que há décadas é sustentada pela literatura brasileira, pela mídia e pelas músicas da indústria cultural responsáveis pela construção no imaginário popular dos estereótipos como a negra fogosa, a moreninha da cor do pecado, da mulata tipo exportação entre outros. Quase caí pra trás ao saber da mais nova obra de arte global, mais um duro golpe da mídia racista, a produção do seriado criado por Miguel Falabella,“Sexo e As Negas” parodiando o famoso “Sex and City”.


A série ainda não tem data de estreia, e segundo o autor, a versão acontecerá em Cordovil, no Rio de Janeiro. Consistirá em um quarteto de amigas cariocas composto por uma camareira, uma cozinheira, uma operária e uma costureira, que viverão dilemas e obstáculos para alcançar o seu verdadeiro objetivo que é a conquista de um parceiro sexual.

Mas o que é pior do que ridicularizar a população pobre e negra numa versão tosca de um seriado de mulheres brancas e burguesas, é acreditar que está fazendo a diferença na vida dos negros e negras relegadas ou submetidas a papéis de subalternidade, ao afirmar que através dessa produção a autoestima da população negra vai aumentar, e quem sabe agora haverá uma mudança na televisão brasileira, após 46 anos de existência, onde a trajetória das personagens negras eram as cozinhas e as favelas nos frios cenários das telenovelas.

A questão racial na mídia ainda nos é muito cara, já que segundo Joel Zito, pesquisador e cineasta, em um terço das telenovelas produzidas pela Rede Globo até o final da década de 90 não haviam personagens negros, contrastando com a realidade brasileira, que à época chegava a 50% da população, atualmente os dados apontam que somos maioria mas continuamos invisibilizados nas esferas de poder, nas instituições de ensino, de saúde e no [não] democrático universo midiático.

Se nessa longa trajetória percorrida por Rute de Souza, Léa Garcia, Neusa Borges e tantas outras atrizes renomadas e oriundas do Teatro Experimental do Negro, a emissora nunca abriu espaço para uma ficção seriada apenas protagonizadas por negras, qual será o interesse? Qual é o jogo?

Miguel Falabella já é um velho conhecido das produções que fazem chacota de pobres, mulheres, negros, e nordestinos. Se voltarmos no tempo vamos lembrar de personagens e frases celebres do diretor e produtor. Uma de suas produções ficou muito famosa pelas frases de violência e intolerância como “Cale a boca Magda!” e “Eu tenho horror a pobre”. Será que realmente ele está preocupado em contribuir para uma mudança de olhar diante da população negra e pobre? Acredito que não.

Solange Couceiro de Lima já alertava em seu artigo Reflexo do Racismo à Brasileira “a existência de uma identidade negra deformada e estereotipada presente em diversos produtos da comunicação social”. E se a mídia contribui para uma cultura nacional que fortalece uma imagem que nos estigmatiza, que nos mantêm em um lugar inferiorizado perpetuando o racismo velado no país, é preciso negar esse lugar, esse papel não é nosso.

Não aceitaremos, nem fortaleceremos a herança escravagista onde o nosso corpo negro não tem voz e não tem vez, cabendo apenas a satisfação sexual dos senhores brancos. Lélia Gonzales (1984), refletia sobre o grau de violência simbólica sofrida pela mulher negra, ao mesmo tempo em que é endeusada no período carnavalesco, exerce em seu cotidiano a atividade de empregada doméstica para seu sustento. “É por aí também que se constata que os termos mulata e doméstica são atribuições de um mesmo sujeito”.

Exigimos mais respeito com a nossa vida, com os nossos corpos e nossas escolhas. Enquanto se fantasia e ridiculariza a afetividade de mulheres negras do subúrbio, continuamos morrendo nas maternidades públicas, exterminadas pela polícia racista ou sofrendo com a ausência de direitos que deveriam ser garantidos, e isso não tem graça.

Continuaremos lutando e resistindo para sufocar toda e qualquer produção que contribua para a perpetuação de uma sociedade racista, denunciando e cobrando responsabilidade das emissoras, mesmo as privadas, pois possuem concessões públicas e portanto, deveriam respeitar a população brasileira e a sua diversidade. O horizonte aponta para a urgência da democratização dos meios de comunicação, onde a gente possa não apenas nos enxergar com orgulho, mas onde possamos ver nossas demandas pautadas pela mídia.

Referências bibliográficas:
ARAÚJO, Zito Joel. O Negro na Dramaturgia, um caso exemplar da decadência do mito da democracia racial brasileira. Florianópolis: Estudos Feministas, 2008.
COUCEIRO DE LIMA, S.M. Reflexos do Racismo à Brasileira. Revista USP. São Paulo(32): 56 – 65: DEZEMBRO/FEVEREIRO 1996-97
GONZALES, Lélia. Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje. Anpocs, 1984, p. 223-244.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
LOPES, Maria Immacolata Vassallo. Telenovela como recurso comunicativo. MATRIZES. Ano 3-nº 1, agosto/dezembro 2009.
FONTE: http://www.geledes.org.br/ei-globo-nao-sou-tuas-negas/#axzz3HBDK2iQ


LEIA: DEFESA DE MIGUEL FALABELLA
CONFIRA: RESUMO DO IV CÍRCULO DOS OGÃS

sábado, 11 de outubro de 2014

DESENHE O CARTAZ DO V CÍRCULO DOS OGÃS "MULHERES NEGRAS"


A Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (SAHUDE) realizadora do V Círculo dos Ogãs prorrogou prazo de inscrição do I Concurso de Desenhos - para criação do cartaz do V Círculo dos Ogãs. Tema "Mulheres Negras". Novo prazo: dia 30 de outubro!

O objetivo do concurso é selecionar desenho (folha A4) que irá compor o cartaz do evento. Por isso convida a juventude do estado de Sergipe para o exercício das artes visuais, além de reconhecer o mérito do trabalho campeão selecionado por jurados gabaritados.

INSCRIÇÕES - Serão aceitos trabalhos inscritos até o dia 30 de outubro de 2014. Poderão participar adolescentes e jovens de 15 a 24 anos residentes em Sergipe. As inscrições serão presenciais e individuais e deverão ser feitas, exclusivamente, no Museu Histórico de Sergipe, localizado à Praça São Francisco no município de São Cristóvão.

PREMIAÇÃO - O desenho vencedor ilustrará cartaz e demais peças de divulgação do evento. O resultado final do concurso será divulgado no mural do Museu Histórico de Sergipe e no blog da Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (www.sociedadesahude.blogspot.com.br)

BAIXE REGULAMENTO E FICHA DE INSCRIÇÃO
O regulamento do Concurso e a ficha de inscrições podem ser baixadas neste link:

terça-feira, 23 de setembro de 2014

MHS PRESTIGIA TODAS AS IDADES NA VIII PRIMAVERA DOS MUSEUS


A programação preparada pelo Museu Histórico de Sergipe, como parte das atividades da VIII Primavera dos Museus proposta pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) com o tema "museus criativos", agrada adultos e crianças. 

EXPOSIÇÃO NARRATIVAS IMAGÉTICAS E LIVRO CRÔNICAS DE ATELIÊ

foto-documentário 
Hoje (23/9) aconteceu o lançamento da exposição temporária “Narrativas Imagéticas” produzida pelo fotógrafo Nailson Moura a partir do seu projeto Brotando das Mãos em que revela performance de escultores sergipanos. No caso em tela, o artista homenageado é Antonio Cruz, uma das grandes expressões da escultura em ferro-aço do Nordeste. Bastante concorrida o evento contou com palestras e sessão de autógrafo do livro “Crônicas de Ateliê”. Artistas, turistas, alunos e comunidade em geral prestigiaram o evento.


PINTANDO O 7 COM JENNER AUGUSTO

Na quinta e sexta (25 e 26/9), sessões 10 horas e 14 horas, acontecerá a ação-educativa “Pintando 7 com Jenner Augusto”. Na atividade coordenada por Rafael Conceição e Thiago Fragata, crianças irão colorir réplicas das obras de Jenner Augusto, Horácio Hora, Caribé e de outros artistas representados na pinacoteca do museu. O exercício permite que a criança protagonize a obra fixando involuntariamente nome do artista, título do trabalho e ano da criação. Resultado da ação irá compor exposição "Jenner Guri" lançada no dia 11 de novembro quando Jenner Augusto completaria 90 anos. Ele faleceu em 2003.

Imagine sua criança pintando auto-retrato de Jenner Augusto?


SABER MAIS?
museu.sergipe@cultura.se.gov.br
(79) 3261-1435 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

MHS RECEBE NARRATIVAS IMAGÉTICAS

Antônio Cruz no ateliê. Foto: Nailson Moura
Estreia nesta terça-feira (23), no Museu Histórico de Sergipe, a exposição fotográfica "Narrativas Imagéticas", do fotógrafo Nailson Moura. Na oportunidade também será lançado o livro "Crônicas do Ateliê", o primeiro do fotógrafo. 

O livro e a exposição são parte do projeto “Brotando das mãos”, pesquisa realizada em campo aberto e tem como objetivo localizar e registrar os esboços aos produtos de artífices, artistas plásticos, artesãos, entre outros que lancem mão da artesania. 

As atividades fazem parte da oitava edição do programa Primavera de Museus, que mobiliza as instituições museológicas de todo o país com o tema a criatividade. A exposição permanecerá aberta ao público ate 22 de outubro.


Exposição "Narrativas Imagéticas"
Abertura: 23/09, às 10h
Exibição: até 22/10 de terça a domingo, das 10h às 16h.
Local: Museu Histórico de Sergipe - Praça São Francisco, s/nº - Centro Histórico de Sergipe Informações: (79) 3261-1435 e (79) 8845-8543 ou museu.sergipe@cultura.se.gov.br

domingo, 21 de setembro de 2014

EXPOSIÇÃO E LIVRO SOBRE ARTE DE ANTONIO CRUZ


O QUÊ?
Lançamento da Exposição Temporária "Narrativas Imagéticas" e do livro "Crônicas do Atelier. As duas obras revelam a arte de Antonio Cruz através da lente do fotógrafo Nailson Moura.

ONDE? 
Museu Histórico de Sergipe - São Cristóvão/SE

QUANDO?
Terça, 10 horas - manhã

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

SAHUDE LANÇA CONCURSO DE CARTAZ E ANUNCIA TEMA DO V CÍRCULO DOS OGÃS

Cartaz da última edição do evento



A Ong Sociedade para Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (SAHUDE) tem o prazer de convocar aos jovens de Sergipe para participar do I Concurso de Desenhos - para criação do cartaz do V Círculo dos Ogãs. Tema "Mulheres Negras".

O objetivo do concurso é selecionar desenho que irá compor o cartaz do evento. O objetivo é incentivar a juventude do estado de Sergipe para o exercício das artes visuais, além de reconhecer o mérito do trabalho campeão selecionado por jurados gabaritados.

INSCRIÇÕES - Serão aceitos trabalhos inscritos até o dia 15 de setembro de 2014. Poderão participar adolescentes e jovens de 15 a 24 anos residentes em Sergipe. As inscrições serão presenciais e individuais e deverão ser feitas, exclusivamente, no Museu Histórico de Sergipe, localizado à Praça São Francisco no município de São Cristóvão.


PREMIAÇÃO - O desenho vencedor ilustrará cartaz e demais peças de divulgação do evento. O resultado final do concurso será divulgado no mural do Museu Histórico de Sergipe e no blog da Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico.

BAIXE REGULAMENTO E FICHA DE INSCRIÇÃO
O regulamento do Concurso e a ficha de inscrições podem ser baixadas neste link: